O SINDICALISMO DAS MINORIAS MILITANTES(1908)

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O SINDICALISMO DAS MINORIAS MILITANTES(1908)

Messagepar SOLIDARITE » Vendredi 08 Mai 2009 8:54

Durante a primeira República, sindicatos operários, quando conseguiam existir, geralmente englobavam apenas uma pequena proporção dos operários de uma dada indústria ou ofício. A teoria sindicalista revolucionária encarnava este fato como positivo. O artigo abaixo,do jornal da Federação Operária de São Paulo, defende firmemente esta noção de um sindicalismo de minorias militantes.

Muitas vezes, alguns companheiros, mesmo entre os mais ativos no movimento operário, têm-nos manifestado idéias e opiniões que julgamos dignas de serem tomadas em séria consideração. Dizem estes nossos camaradas: “Nós queremos trabalhar pelo sindicato, queremos pagar as nossas quotas, não desejamos outra coisa a não ser a sua prosperidade, mas seria necessário que todos fizessem o mesmo. Enquanto ficarmos reduzidos a uma pequena minoria, não se adianta nada. Procuraremos um meio para chamar ao sindicato a maioria dos nossos companheiros. A não ser assim, é tempo perdido e os nossos esforços serão inúteis”.Achamos isto uma desculpa, uma pequena escapadela para justificar o seu pouco zelo pelas coisas do sindicato.È um fato que a maioria dos nossos companheiros de trabalho não conhecem a utilidade da luta entre capital e trabalho, seja porque ninguém lhes demonstrou, seja porque não tiveram o exemplo prático desta utilidade, seja, enfim, porque os prejuízos estão de tal modo enraizados no seu cérebro, que não chegam a compreender a sociedade humana baseada sobre uma forma econômica que não seja a atual exploração do homem sobre o homem.É um fato que as nossas sociedades só contam um número muito limitado de sócios em comparação com a totalidade dos operários da classe, mas é um fato também que este punhado de camaradas é a flor, por assim dizer, das energias operárias, são precisamente aqueles que têm podido livrar-se de alguns prejuízos, enfim compenetraram-se das suas condições e da necessidade de melhorá-las. E estes companheiros, mesmo sendo poucos, podem, querendo, dar impulso, força e solidez ao movimento, mas a sua ação, a sua força de vontade seria quebrada se, por um mal entendido espírito de agrupação, quiséssemos fazer das nossas sociedades um complexo de operário inconsciente tem impedido a realização de um movimento que, talvez poderia trazer-nos bons resultados?Foi principalmente por este fato que as grandes corporações operárias norte-americanas e de diversas nações européias, que contavam milhares de sócios e milhões de francos de capital, não têm conseguindo até hoje o que foi possível conseguir em outras nações onde o movimento operário é muito menos forte de aderentes, mas, em relação, mais consciente e mais disposto à luta.Certo, quanto maior for o número de operários sindicalizados maior atividade e energia poderão os sindicatos pôr em prática, mas é necessário que os operários venham à liga com um conceito mais ou menos formado do seu fim e do seu espírito de luta contra o maior dos nosso inimigos: o capitalismo. É preciso que se chegue às nossas sociedades dispostos a agir. Caso contrário, se quisermos reparar exclusivamente no número dos associados, se continuarmos na idéia de exigir participação na liga de todos ou da maioria dos operários sem cuidar, antes, de despertar a sua consciência, a fim de convencê-los da utilidade da luta operária, se fizermos dos nossos sindicatos um amálgama de indivíduos sem consciência, ver-nos-emos impedidos em nossa ação pela preponderância de uma força contrária aos fins e aos métodos dos nossos sindicatos.Ao passo que sendo o sindicato uma união de forças, de operários mais ou menos conscientes de seus direitos, ele será um centro de ação capaz de iniciar sérios movimentos de rebeldia, aos quais a grande massa dos indiferentes não deixará de dar o seu apoio valioso porque incitada pelo entusiasmo ou por ser convencida dos benefícios que estes movimentos lhe poderão trazer.Não nos amedrontamos, portanto, se a maioria dos nossos irmãos de trabalho fica indiferente à nossa obra de organização de classe, não pensemos que , se eles, os nossos esforços fiquem estéreis – pelo contrário, trabalhemos para convencê-los, para chamá-los, com o exemplo à luta em salvaguarda aos seus interesses de classe, mas não desejemos que a nossa ação seja limitada pela inconsciência dos que têm a infelicidade de não nos compreender.

“Sejamos francos”, A luta Proletária, 25-01-1908, p.1(AEL)

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